O que é?
A tendinite não-insercional é uma degeneração crónica da porção média do tendão de Aquiles, geralmente localizada a 2–6 cm acima da sua inserção no calcâneo, numa zona de hipovascularização. É mais comum que a tendinite insercional do Aquiles e é mais frequente em adultos ativos entre os 30 e os 50 anos.
Os microtraumas de repetição levam à inflamação do tendão, que quando prolongada leva a degeneração do mesmo. Há formação de uma neovascularização anormal com inervação associada (fonte de dor), um espessamento tendinoso com eventual formação de nódulos ou fissuras intratendinosas.
Como aparece?
A causa é multifactorial, e normalmente envolve uma combinação de fatores internos (que dizem respeito ao próprio indivíduo) e fatores externos ao doente (relativos ao ambiente):
Fatores Internos:
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- Pé cavo (por aumentar a tensão no tendão) ou pé valgo (pelo alinhamento anormal do tendão)
- Encurtamento da cadeia posterior
- Idade (diminui a vascularização e capacidade de cicatrização)
- Excesso de peso
Fatores externos:
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- Calçado
- Treino desadequado (aumento súbito da carga de treino, treino excessivo ou sem descanso, ausência de aquecimento)
- Corrida em subidas ou areia
Quais os sintomas?
O sintoma mais típico da tendinite não-insercional do Aquiles é a dor localizada na parte média do tendão, com início insidioso (progressivo de semanas a meses). É uma dor geralmente no início da atividade que melhora com o aquecimento, mas que volta após o término do esforço. Pode haver espessamento visível e palpável do tendão.
Como se faz o diagnóstico?
Geralmente o estudo é complementado com exames auxiliares de diagnóstico, como a ecografia e/ou a ressonância magnética. Pode ser feito o diagnóstico com a identificação do espessamento fusiforme do tendão, a presença de neovascularização com Doppler e áreas de fissuras e degeneração focal. Pode ainda identificar-se o tendão plantar delgado que a sua contratura pode ser a causa do problema.
Qual o tratamento?
O tratamento conservador é sempre a 1ª linha com um sucesso em até 80-90% dos casos.
Tratamento conservador
Este tratamento consiste, nas medidas gerais anti-inflamatórias (repouso, elevação, gelo e medicação analgésica) e na evicção das atividades que provocam a dor.
Deve utilizar-se um calçado “em rampa” ou utilização de calcanheiras, para que possa haver uma diminuição da tensão na cadeia posterior da perna


Uma das componentes fulcrais do tratamento consiste na realização de exercícios de alongamento e de reforço dos músculos da planta do pé e da parte de trás da perna. Estes podem ser realizados com orientação de um fisioterapeuta ou autonomamente, em casa.
Em determinados casos pode ser recomendada uma infiltração local de PRPs (Plasma Rico em Plaquetas).
Tratamento Cirúrgico
Em situações mais graves ou persistentes em que há falha do tratamento conservador, o tratamento cirúrgico pode estar indicado. Esta consiste numa pequena cirurgia, realizada em contexto de ambulatório, que consiste é realizado o desbridamento tendinoso e excisão de tecido degenerado por tenoscopia e no alongamento do gastrocnêmio a nível do joelho ou meio da perna.
Como é o pós operatório?
- Pode caminhar com o auxílio de canadianas com carga conforme tolerar após o primeiro penso.
- Primeiro penso pós-operatório na avaliação da 1ª consulta.
- Retira pontos na avaliação da 2ª consulta.
- Início da fisioterapia, após a retirada dos pontos. Para ganho de mobilidade articular (ativa e passiva) e exercícios de resistência com aumento gradual da força