O que é?
A tendinopatia insercional do Aquiles é uma condição degenerativa e dolorosa que afeta a inserção do tendão de Aquiles no calcâneo. É mais comum em indivíduos ativos acima dos 35–40 anos, e pode ocorrer quer em atletas (corrida, salto, ténis) quer em pessoas sedentárias com excesso de peso.
Os microtraumas de repetição levam à inflamação do tendão, que quando prolongada leva a degeneração do mesmo e a deposição de cálcio criando entesófitos (esporão). Em alguns casos, há uma deformidade da tuberosidade posterior do calcâneo e uma bursite retrocalcaneana, gerando o Síndrome de Haglund.
Como aparece?
A causa é multifactorial, e normalmente envolve uma combinação de fatores internos (que dizem respeito ao próprio indivíduo) e fatores externos ao doente (relativos ao ambiente):
Fatores Internos:
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- Pé cavo (por aumentar a tensão no tendão) ou pé valgo (pelo alinhamento anormal do tendão)
- Encurtamento da cadeia posterior
- Idade (diminui a vascularização e capacidade de cicatrização)
- Excesso de peso
Fatores externos:
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- Calçado
- Treino desadequado (aumento súbito da carga de treino, treino excessivo ou sem descanso, ausência de aquecimento)
- Corrida em subidas ou areia
Quais os sintomas?
Os sintomas mais comuns da tendinite insercional do Aquiles incluem a dor localizada na parte posterior do calcanhar, que geralmente piora com a carga (principalmente a subir escadas, correr ou usar calçados rígidos), edema e empastamento local, sensibilidade na inserção do tendão ao toque. Há casos em que a deformidade da apófise posterior do calcâneo é muito pronunciada.
Como se faz o diagnóstico?
Qual o tratamento?
O tratamento deve ser sempre dirigido à inflamação e não ao esporão. O tratamento da tendinite insercional do Aquiles é uma escalada terapêutica e inicia-se com medidas conservadoras.
Tratamento conservador
Este tratamento consiste, nas medidas gerais anti-inflamatórias (repouso, elevação, gelo e medicação analgésica) e na evicção das atividades que provocam a dor.
Deve utilizar-se um calçado “em rampa” ou utilização de calcanheiras, para que possa haver uma diminuição da tensão na cadeia posterior da perna


Uma das componentes fulcrais do tratamento consiste na realização de exercícios de alongamento e de reforço dos músculos da planta do pé e da parte de trás da perna. Estes podem ser realizados com orientação de um fisioterapeuta ou autonomamente, em casa.
Em determinados casos pode ser recomendada uma infiltração local de PRPs (Plasma Rico em Plaquetas).
Tratamento Cirúrgico
Em situações mais graves ou persistentes, o tratamento cirúrgico pode estar indicado. O tratamento passa pelo desbridamento do tendão degenerado, ressecção do esporão e da deformidade de Haglund. Por vezes, dependendo da quantidade de tendão afetado, pode ser necessário uma desinserção parcial do tendão e a sua nova re-inserção, ou o seu reforço com enxerto (transferência do flexor longo do hallux). Os procedimentos cirúrgicos podem ser realizados por técnicas abertas ou técnicas artroscópicas.
No caso do tratamento cirúrgico como é o pós operatório?
- Pode caminhar com o auxílio de canadianas e com a bota walker, após o primeiro penso.
- Primeiro penso pós-operatório na avaliação da 1ª consulta.
- Inicia carga conforme tolerar após a primeira semana.
- Retira pontos na avaliação da 2ª consulta.
- Às 4 semanas, inicia retirada de bota walker
- Início da fisioterapia, após retirada dos pontos, para restaurar a força e a flexibilidade do tendão de Aquiles