O que é?
As fraturas do calcâneo (osso do calcanhar) são uma das lesões mais graves e complexas do pé. O calcâneo está localizado na parte posterior do pé e tem um papel essencial na sustentação do nosso peso corporal e na absorção do impacto durante atividades como caminhar, correr e saltar. Fraturas neste osso podem ter um impacto significativo na funcionalidade do pé e na marcha, frequentemente resultando em complicações a longo prazo, como dor crônica.
As fraturas do calcâneo podem variar de pequenas fraturas in situ a fraturas altamente complexas que envolvem a articulação.
- Fraturas Intra-Articulares - que envolvem a articulação subtalar (entre o calcâneo e o astragalo) e correspondem a aproximadamente 75% das fraturas do calcâneo.
- Fraturas Extra-Articulares - que não envolvem a articulação subtalar.
- Fratura da tuberosidade posterior - quando fratura a parte posterior do calcâneo, onde se insere o tendão de Aquiles.
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- Fratura-avulsão - pequena parte do osso é arrancada devido à tensão dos tendões ou ligamentos.
- Fraturas do processo anterior - afeta a área onde o calcâneo se articula com o cubóide.
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- Fraturas de stress - ocorrem devido a micro lesões de repetição. São mais comuns em atletas ou em pessoas que realizam atividades de alto impacto repetitivo, como corrida.
Como aparece?
As fraturas do calcâneo são geralmente causadas por traumas de alta energia. Podem ser causados por traumas diretos como quedas em altura (colocando uma força axial excessiva sobre o calcâneo) ou acidentes de viação (quando os pés são comprimidos contra o chão do carro, transmitindo a força do impacto diretamente para o calcâneo).
Em ossos fragilizados por condições médicas subjacentes, como osteoporose ou tumores, as fraturas do calcâneo podem ocorrer com traumas de energia substancialmente mais baixa.
Quais os sintomas?
Os sintomas variam dependendo da gravidade da fratura, mas os sinais mais comuns incluem a dor imediata, intensa e localizada no calcanhar, piorando ao tentar colocar carga no pé, podendo mesmo ser impossível a marcha. Outro sintoma típico é o edema ou hematoma significativo nessa região, que pode mesmo levar ao aparecimento de flictenas locais. Em casos graves, pode apresentar uma deformidade severa, como um achatamento do calcanhar.
Como se faz o diagnóstico?
O tratamento depende do tipo e gravidade da fratura, bem como das comorbilidades do doente.
Tratamento conservador:
O tratamento conservador está indicado para fraturas sem desvio ou com desvio mínimo, bem como para doentes com condições médicas que contra-indiquem a cirurgia. Consiste nas medidas gerais anti-inflamatórias (repouso, elevação, gelo e medicação analgésica) e na utilização de uma bota walker ou imobilização gessada por um período de cerca de 6-8 semanas. O doente não deve colocar carga sobre o pé afetado, podendo ser necessárias canadianas ou uma cadeira de rodas.
Tratamento Cirúrgico:
As fraturas desviadas, fraturas cominutivas e fraturas intra-articulares tem indicação para tratamento cirúrgico. O calcâneo é realinhado e mantido no lugar com placas e parafusos. No pós operatório geralmente não é colocada nenhuma imobilização, mas não sendo permitida carga no membro afetado.
Quer no tratamento conservador ou cirúrgico, a fisioterapia é essencial. Geralmente, os doentes podem começar a colocar peso gradualmente no pé lesionado, sob orientação do médico e fisioterapeuta e a reabilitação envolve exercícios de amplitude de movimento e fortalecimento muscular para restaurar a função e prevenir rigidez nas articulações.
Como é o pós operatório?
- Pode caminhar com o auxílio de canadianas, após dia 1.
- Primeiro penso pós-operatório na avaliação da 1ª consulta.
- Retira pontos na avaliação da 2ª consulta.
- Início da fisioterapia, após a retirada dos pontos.
- Para ganho de mobilidade articular (ativa e passiva) e exercícios de resistência com aumento gradual da força.
- Inicia carga progressiva no membro operado às 6 semanas até carga total.